Voltando à programação normal do blog (porque já faz mais de um mês que não falo da minha vida na terra dos leprechauns), hoje vamos falar de CPE, aquele examezinho de proficiência do Cambridge, sabem?
Eu deveria estar mais tranquila ou, pelo menos, acostumada depois de já ter prestado o CAE, mas a vida não teria graça se tudo fosse assim simples. Neste exame tudo começou com Murphy querendo atrapalhar. Fiz a inscrição no último dia e por acaso. Comprei um livro para estudar para o exame, mas preciso dizer que mal encostei nele (tá, nisso o Murphy não tem nada a ver)? E mesmo tendo tido todas as semanas do ano até agora para ter uma crise de rinite alérgica com direito a febre, mal estar e dor de cabeça, Murphy escolheu justamente esta para isso.
Eu pedi esta semana inteira de folga para a família e eles, lindos como são, entenderam e concordaram sem problema. A intenção seria me concentrar para o exame ontem, mas fiquei o dia inteiro na cama. Aí você vai me dizer que eu tive muito tempo para me preparar, deixei para última e me ferrei. E eu concordo com você, mas sou procrastinadora por vocação, fazer o quê?
O CPE mudou um pouco seu formato este ano, parece que o Speaking ficou mais curto. Eu li no livro que comprei os tipos de perguntas feitas durante o exame, mas as coisas estavam meio confusas ainda. Hoje de manhã (sim, aquelas que deixam tudo para o último segundo para sentir a adrenalina circulando), assisti alguns vídeos de CPE no youtube e, enfim, não achei nehum bicho-de-sete-cabeças. Ainda assim, fui fazer a prova sem saber muito bem o que esperar.
Saí de casa com a cara, a coragem, o paracetamol e um pacote de lencinhos de papel (atchim) e lá fui. Havia apenas 10 pessoas prestando o exame (no CAE, havia umas 40). A pontualidade britânica falhou um pouco, mas o exame começou quase na hora. Minha partner era uma italiana que, infelizmente, não tive tempo de conhecer antes e poder conversar um pouco.
O examinador que faz as perguntas tinha uma cara simpática, mas o que dá as notas estava com uma cara de quem comeu um full irish breakfast e não gostou. Medo.
Na primeira parte, são aquelas perguntas pessoais de praxe. “Where are you from?”, “What do you do to relax?”, “Are you studying or working?” etc. Nada absurdo.
Na segunda parte, o examinador mostrou 7 figuras de pessoas trabalhando e pediu para que falássemos dos sons que se ouvem em duas daquelas figuras: a de um político e um gari. A pergunta pareceu tão estúpida, que a italiana e eu ficamos mudas, pensando se era aquilo mesmo que tínhamos ouvido. Sim, era. Depois, ele pediu para falar um pouco da importância de cada profissão para a sociedade e citar mais duas profissões. Falamos blá blá blá, aí disse que outra profissão de extrema importância é a de professor (claro, né, gente? Defendendo a classe), argumentei e passei para a italiana citar a outra profissão, já que não é uma boa ideia monopolizar a conversa, porque senão, não é conversa, né? Para minha surpresa, a menina fica muda, olha pra mim e diz “I have no idea”. WTF? Tu vai prestar o CPE para falar isso? Aí, falei que as secretárias eram muito importantes também (foi o que me veio na cabeça) e pedi para ela argumentar e enfim, FOI.
Na última parte, o examinador mostrou uma pergunta e 3 sugestões do que discutir na resposta. A minha pergunta era a respeito da importância do design na sociedade. Li aquilo e pensei “Design? Errrrr…. Tá, design…” e enfim, enrolei muito, porque eu nunca parei para pensar nisso. Gaguejei, falei nada com nada e me repeti algumas vezes. O horror, o horror. Depois o examinador fez algumas perguntas sobre o tema para a italiana e para mim. A pergunta da italiana foi bem mais simples que a minha: a importância da moda.
Por fim, o examinador fez mais algumas perguntas que já me esqueci do que se tratavam e nos liberou. Ufa!
Conclusão: não faço ideia de como fui, pois saí do Speaking do CAE achando que não fui lá essas coisas e no fim, foi uma das minhas médias mais altas. O grau de nervosismo não te deixa ter uma noção clara do que você está falando (e acrescente à isso o fato de eu ainda estar com a rinite atacada e aquela sensação de ouvido tapado) e enfim, difícil saber se falamos o que eles querem ouvir e do jeito que eles querem. Senti que o CPE trabalha mais com temas abstratos, digamos assim, para testar a capacidade do falante de argumentar sobre o que não é paupável e articular suas ideias.
Essa semana ainda faço a parte escrita do exame e vou dar uma estudada de última hora, só para variar um pouco.
Pelo que eu leio do seu blog, você me parece ser bem espontânea, cá estou eu tentando imaginar a sua cara quando a italianinha soltou o “I have no idea” e você tipo, WTF? o.O
HAHAHAHA
Foi tenso, François! Vc inventa, enrola, enche linguiça, mas não fala isso!
Ahhh! Vc vai ir bem! Vc vai ver!
Hauhauahuahuahuha eu ri!