Foram 8 horas de ônibus até Helsinki, onde peguei a balsa para Tallinn. Muita gente faz só um bate-e-volta até o país vizinho, pois o percurso de balsa leva de 1h40 a 2h30, dependendo da empresa. Além disso, bebida alcoólica é muito mais barata daquele lado do Mar Báltico e muitos finlandeses aproveitam – na volta, eu vi gente puxando carrinho com vários engradados de cerveja empilhados.
Se você vai chegar em Tallinn a partir de Helsinki, a melhor opção é mesmo a balsa. Há algumas empresas diferentes que fazem a travessia e os valores costumam começar em 19 euros cada trecho, sendo possível pagar até 12 euros às vezes. Eu escolhi a Linda Line, pois custava o mesmo valor de outras companhias, mas garantia a travessia mais rápida (é o slogan deles). O que eu não sabia e gostaria muito que alguém tivesse me dito isto, é que a Linda não tem navios, tem barcos. Isto não seria um problema, mas como as embarcações são muito menores que as das concorrentes, qualquer sinal de mau tempo no mar já é suficiente para cancelarem a viagem, além disso, não fazem viagem no inverno. Nas semanas que se seguiram após comprar o ticket, diversas vezes entrei no site e havia o aviso de viagens canceladas, o que foi me deixando bem apreensiva e me fez optar por escolher outra companhia para fazer o retorno. Acho que se a viagem for feita durante o verão, o risco de cancelamento é menor, e comprando ida e volta junto, você pode conseguir preços tão baixos quanto 29 euros. Eu tive sorte, pois no dia que fui para Tallinn o serviço de balsa estava funcionando normalmente, mas o M., minha companhia de viagem apenas na Estônia, teve sua viagem de volta suspensa. A empresa se compromete a reembolsar o valor pago pelo ticket em caso de cancelamento, o problema mesmo é comprar um ticket de balsa em cima da hora. O M. pagou 42 euros e num horário péssimo, pois era um domingo, quando todos que foram passar o final de semana em Tallinn estão voltando, e havia pouquíssimos horários disponíveis.

Outras opções para cruzar o Mar Báltico, que têm navios grandes que não cancelam viagem por qualquer mau tempo, são Eckerö Line, Viking Line e Tallink Silja Line. Dá também para pesquisar preços de todas as companhias neste site. Estas companhias também fazem outras rotas, como Estocolmo, por exemplo. A vantagem da Linda Line em relação às outras é que o tempo de travessia é realmente mais curto e há muitas opções de horário. A desvantagem, além da que já foi citada, é que o barco é bem menor e se você passa mal facilmente no mar, vai sentir bem mais.
A nossa travessia foi tranquila, apesar que temos a desconfiança que viajamos na Primeira Classe com um ticket comum. Como ninguém nos pediu para checar nada e não havia nenhum serviço especial também, resolvemos ficar por lá mesmo. A viagem foi confortável, apesar de uma finlandesa, contrariando o estereótipo do povo finlandês, berrar a viagem toda e interromper nosso cochilo.
Do porto de Tallinn ao hostel caminhamos cerca de 20 minutos. Tallinn é muito pequena e tudo fica muito perto – claro que me refiro ao centro da cidade e sua parte mais turística, onde os locais certamente não moram. Por conta disto, acho que qualquer hostel que esteja no centro é bom em termos de localização.
Nós escolhermos o mais barato da região, o Kohver Hostel. Ele fica super no centro, mas como já disse, Tallinn é muito pequena. O que nos atraiu era que havia café-da-manhã incluso, ao contrário da maioria, mas o café consistia apenas em café e chá, pão de forma e geleia, cereal e leite. Para mim é aceitável, pois não como muito mais do que isso de manhã mesmo, mas sei que tem gente que prefere um café mais farto. O prédio é muito antigo e sem elevador, e o hostel fica no último andar. Eu achei tudo meio desorganizado – eles te dão a chave na sua mão no check-in, mas de manhã, no horário de check-out, não tem ninguém na recepção, só um bilhete dizendo para você largar a chave lá e ir embora. Além disso, no primeiro andar tem um bar-balada e apesar de o barulho não chegar até o andar do hostel, eu dormi as duas noites inteiras sentindo minha cama vibrar – talvez durante a semana seja mais tranquilo – eu passei o final de semana lá.
Eu sempre costumo guardar meus pertences dentro do cofre, quando o hostel oferece, mas acabo deixando coisas insignificantes na cama. Na manhã do primeiro dia, arrumei a cama (estiquei o edredom) e deixei minha pasta de dente, escova e fio dental embaixo do travesseiro. Quando voltei à noite, havia outra pessoa na cama que eu estava. Resumindo: por total falta de organização e controle, o hostel retirou os lençóis da minha cama por acharem que quem estava lá havia feito check-out, já que não havia mochila nem nada por perto. Por que raios uma pessoa deixaria uma cama arrumada ao fazer check-out, né? Minha pasta e todo resto havia sumido e eu, claro, fui tirar satisfação. No final da história, eles acharam tudo, mas como eu já havia comprado tudo novo no mercado, me reembolsaram. Eu recomendo este hostel? Apesar de a maioria dos funcionários ter sido bem atencioso, não. Extremamente desorganizado e os banheiros eram bem estranhos, apesar de o local estar limpo. Fim do drama da acomodação.

Chegamos à noite e uma amiga já havia recomendado que comêssemos sopa de alce numa taverna medieval na Praça da Prefeitura. O nome da taverna é III Dragon e é um daqueles lugares que todo turista vai quando visita a cidade. A ideia é simular uma taverna medieval, já que Tallinn é conhecida como a cidade medieval mais bem conservada da Europa. Supostamente, o local não tem energia elétrica (não há lâmpadas, mas aceitam cartão e digitam seu pedido numa tela touch screen “escondida”) e a decoração toda é no estilo medieval, além dos funcionários usarem roupas que possivelmente eram usadas na época.

Tudo lá é bem baratinho, variando entre 1 e 3 euros. O mais tradicional, claro, é a sopa de alce, que custa 2 euros e vem numa cumbuca de barro. Não tem colher, você deve beber diretamente da cumbuca. Normalmente, a sopa vai acompanhada das tortinhas, que variam entre 1 e 1,50 euros dependendo do sabor. Tem um barril de picles que você pode se servir de graça, mas este eu pulei porque não gosto.

O local, em si, não é nada excepcional, mas é bonitinho e diferente. A sopa, aliás, é bem temperada, mas eu custei a achar pedaço de carne nela. A porção é bem pequena também, então é mais para visitar o local ou ser a “entrada” da sua refeição, tanto que depois de comermos a sopa, fomos para uma pizzaria ali na região para encerrar o primeiro dia.