Nos dias que antecederam a viagem ouvi muito Legião Urbana para entrar no clima de visita à capital. Foi uma viagem completamente inesperada e um custo mais inesperado ainda! Meu voo saiu às 6 e pouco da manhã e eu mal dormi na noite anterior com medo de esquecer algo ou perder a hora. Sou dessas.
Um conhecido do meu pai estava me esperando no aeroporto e me levou até a Embaixada que só abriria às 9h da manhã. Como cheguei bem cedo, ele quis fazer um “tour” comigo e me mostrou os principais pontos da cidade de carro antes de me deixar lá.
Abre parênteses.
Cara, Brasília é realmente uma cidade para carros! Se eu não tivesse essa carona, não sei como faria para chegar até a Embaixada que fica numa parte da cidade onde estão todas as embaixadas da galáxia, porém lá não tem nem calçada para pedestre o que dirá transporte público. Certamente teria deixado muitos reais com um taxista.
Fecha parênteses.
Quando lá cheguei, o porteiro pediu meu documento e confirmou se eu estava mesmo com horário marcado. O prédio era bonito com cercas vivas e muito verde em volta, mas eu mal passei da entrada da embaixada, literalmente.

Achei que iria entrar no prédio e tal, mas não! Na recepção mesmo tem uma cabine blindada por onde todo processo é feito. Uma funcionária, descaradamente finlandesa – branca, naturalmente loira e de olhos claros – me atendeu. Ela falava um português razoável até e me pediu os documentos, enfatizando que queria o comprovante de pagamento da taxa de emissão de visto. Entreguei, ela conferiu e me deu um recibo. Depois foi pedindo os documentos, mas a única coisa que ela leu mesmo foi a carta de aceite da universidade, todo o resto ela só deu uma rápida conferida, incluindo meu extrato bancário – que só ao ligar na Embaixada para marcar horário e confirmar documentos que fiquei sabendo que só podia ser aquele amarelinho que sai do caixa eletrônico e não o impresso online como eu ia levar – aliás, falta de informação precisa é algo que parece ser parte da cultura finlandesa e futuramente falarei à respeito. Ela, então, pegou meu passaporte e já tirou a foto 3×4 que eu tinha deixado junto com um clipe. Colou a foto num papel e pediu que eu assinasse embaixo. Em seguida, colheu minhas digitais e disse que em uns dois dias o resultado da solicitação estaria disponível e depois disso, em até duas semanas meu visto chegaria. Como eu não iria voltar a Brasília para buscá-lo porque não sou obrigada, assinei um termo autorizando que o visto me fosse enviado pelo correio e isentando a Embaixada de qualquer problema que acontecesse com ele no meio do caminho. Ah, também já deixei paga a taxa do Sedex.
O processo todo não durou nem 20 minutos e isso porque ela não estava conseguindo colher as digitais dos meus dedos mindinhos – a história da minha vida, em lugar nenhum conseguem – e ficou tentando eternamente, até o sistema dar pau e eu precisar fazer tudo de novo. No fim e na impossibilidade de meu dedo mindinho colaborar, ela simplesmente duplicou a digital do dedo anelar. Whatever.
9h20 da manhã e eu ainda tinha o dia todo até pegar meu voo de volta para São Paulo, que só sairia às 18h. O sol já estava escaldante (por que ninguém nunca me contou que o sol de Brasília ARDE?) e eu precisei andar meia hora até chegar numa avenida principal e achar um ponto de bike do Itaú que foi o salvador da pátria. Pedalei até o Eixo Monumental e de lá comecei meu dia de turista visitando a Catedral de Brasília que achei linda demais por dentro e por fora!

Segui por todo o Eixo Monumental, ora a pé ora de bicicleta, passando pelos ministérios e vendo a movimentação do local até chegar no Congresso, onde entrei para uma visita guiado pela Câmara dos Deputados e Senado. O mais incrível é que eu era a única pessoa no tour! O Congresso todo é decorado com obras de vários artistas famosos (aparentemente, pois sou analfabeta nesse assunto e não conhecia nenhum nome que a guia ia falando) e eu pude entrar em ambos, mas tirar foto apenas no Senado, já que câmara estava em sessão.

Bem, Brasília não é exatamente uma cidade turística e eu já havia entrado nos únicos lugares que poderia visitar. Tem um museu do lado da catedral, o Museu de Brasília, mas como era uma segunda-feira estava fechado. Ainda tinha a torre de TV que eu poderia ter visitado, mas às 15h eu já não aguentava mais caminhar sob aquele sol de arder a alma e quis voltar logo para o aeroporto. Se eu pudesse dar apenas um conselho para quem vai visitar a capital, eu diria: wear sunscreen compre bloqueador 60 para evitar câncer de pele! E vejam que este conselho vem de uma pessoa de pele naturalmente bronzeada que chegou em São Paulo com o colo vermelho – estava de regatinha – e torso do pé queimado – estava de sapatilha.
E outra dica: um táxi de lá até o aeroporto custaria uns 60 reais de acordo com um taxista que consultei num ponto de táxi, mas eu descobri que tem um ônibus que passa bem ali no Eixão mesmo e custa apenas 8 reais.
O voo de volta foi tranquilo e na verdade, eu estava tão cansada que dormi tão profundamente enquanto o avião taxiava eternamente pela pista de Brasília que mal percebi quando ele decolou. Claro que depois eu acordei, porque a Azul oferece lanche mesmo em voos tão curtos como este (cerca de 1h30) e é óbvio que eu não ia perder free food – sou dessas também.
De volta à minha terra, ficava entrando no site da imigração para checar o resultado da solicitação, apesar de saber que era mais fácil eu ir pra Marte do que eles negarem meu visto. Dez dias depois o status mudou no site, mas não dizia o resultado. Aí lá vou eu encher o saco do estagiário da embaixada mandando email para perguntar o óbvio: visto aprovado.

Exatamente duas semanas depois recebi meu visto e o processo para fazer o projeto Finlândia acontecer continuava…
