Cartagena, Colômbia

Nosso voo saiu de madrugada. Foram quase 7 horas até o Panamá, uma curta conexão e mais quase 2h até Cartagena. O aeroporto de lá é muito pequenininho! Aliás, do aeroporto até o centro da cidade são cerca de 6km, o que para padrões de São Paulo é praticamente “do lado”. Eu não achei muita coisa sobre transporte público na cidade, mas como andar de taxi é relativamente barato, fomos para o hotel desta forma. Não há taxímetro e você acerta o valor da corrida antes. Aliás, acho que é uma boa hora para explicar a moeda local e a cotação antes de continuar o relato da viagem.

Pesos Colombianos

Não é muito fácil achar pesos colombianos em São Paulo e quando a casa de câmbio vende, é preciso reservar antes. Achamos a melhor cotação numa casa na região da Paulista e o valor final que conseguimos foi de R$1,30 para cada 1000 pesos. Aliás, dá até um susto os valores, porque 1 peso vale menos que 1 centavo, portanto, nada lá custa menos que 1000 pesos. Os valores que encontramos em Cartagena para comer fora e outros gastos são bem semelhantes aos de São Paulo se fizermos a conversão – ou seja, Cartagena é relativamente cara, mas é um caro que qualquer paulistano está acostumado.

O minúsculo aeroporto de Cartagena

Hospedagem

Ficamos no Hotel San Felipe no bairro de Getsamaní. O hotel fica muito bem localizado, pois está a 5 minutos a pé da Cidade Amuralhada, a principal atração local, mas custa pelo menos metade do preço de qualquer hotel que fique dentro dela. Tem wi-fi dentro do quarto, ar condicionado (até porque sem ele qualquer lugar parece uma sauna finlandesa!) e café da manhã bem servido, porém não tem água quente no chuveiro! Faz tanto calor, mas tanto calor em Cartagena que, na verdade, nem precisa mesmo de água quente, mas eu sou do tipo que adora uma água pelando e não tomo banho frio de jeito nenhum, então eu não curti muito aquela água não-aquecida batendo nas minhas costas… haha… Aliás, já que entrei no assunto, precisamos falar do calor desse lugar.

O calor de Cartagena

Eu amo o calor, adoro por um vestido soltinho e não me preocupar em ter um casaco para caso esfrie. Sério, adoro o verão. Mas Cartagena é outro nível, aquilo era uma sauna do inferno na terra! A temperatura máxima não passou muito de 32 graus (o que pra mim ainda é aceitável – esses dias estava fazendo 36 graus aqui em São Paulo), mas a sensação térmica devia ser de mais de 40. A cidade é muito úmida, o que faz a sensação de calor aumentar bastante. Você sai de vestidinho e ainda assim não aguenta o calorão! E a umidade gruda na pele que te faz pensar que você está transpirando horrores, mas é só água do ar grudando em você. O cabelo fica encharcado, grudando na pele também e eu não consegui ficar com ele solto. Enfim, se resolverem ir a Cartagena, já estão avisados: é quente!

O taxi nos custou 14 mil pesos e chegamos no hotel perto das 9h da manhã. No check-in nos avisaram que se esperássemos, nosso quarto estaria disponível antes das 10h da manhã. Enquanto aguardávamos no saguão, resolvi pesquisar o que fazer por lá! Acho que foi a primeira vez na vida que cheguei numa cidade sem saber o que fazer. Rapidamente guguei um walking tour e fiz a reserva para aquele mesmo dia às 16h.  Deixamos as malas no quarto, nos trocamos e seguimos a pé para o Castelo de San Felipe de Barajas. O castelo é uma das atrações principais e achei o valor do ingresso bem overpriced: 25 mil pesos, cerca de R$32. Construído no século 17, como a maioria das construções deste tipo, o castelo tinha o objetivo de ser um ponto de defesa da cidade.

San Felipe de Barajas

Nós entramos sem guia ou audioguia (porque, sei lá, eu já tentei alugar esses áudios e tenho paciência zero pra ouvir as histórias, então nem tento mais), mas acredito que quem queira realmente entender a história do lugar deva alugar um. Do contrário, tudo que vemos é um monte de muros e túneis e nem sempre fica muito claro do porque de tudo isso (spoiler: eu não vi quase ninguém com o áudio também)! Como fica num morro, tem-se uma ótima vista de lá.  Ficamos cerca de 1h30 e vimos absolutamente tudo, até mesmo os túneis. O ideal é visitar no começo da manhã ou fim da tarde, do contrário, o sol e o calor são de matar mesmo – eu cheguei lá por volta de 11h. Na entrada do castelo tem inúmeros vendedores e eles são extremamente insistentes! Vendem água e chapéus e insistem com você que se você não comprar você vai morrer de sede e insolação e que dentro do castelo tudo custo o dobro do preço que eles fazem. Minha dica: finja demência e aja como se eles não estivessem ali, porque se você fizer contato visual já é a deixa pra eles te seguirem até a entrada onde você entrega o ticket!

A visita vale porque é uma das principais atrações da cidade e de lá dá para ver tanto a parte moderna de Cartagena, como a antiga e a baía. Porém, não vá com expectativas de que é realmente um castelo e tal, porque são essencialmente muros e túneis.

Saímos morrendo de fome e entramos num restaurante bem em frente ao castelo mesmo, com um pé atrás porque por estar num lugar turístico e imaginando que seria caríssimo. Na verdade, o restaurante, apesar de ser super simples (as mesas eram compartilhadas, por exemplo), um almoço para duas pessoas com um suco natural custou 42 mil pesos, cerca de 54 reais.

Escolhemos o prato típico da região: arroz de coco, pescado frito, patacones e salada e para acompanhar, um suco de uma fruta local, o lulo. Vou explicar tudo, porque este foi um dos pratos mais gostosos que comi na minha estadia na Colômbia.

Nhom nhom…

O arroz de coco é bem local e como o nome sugere, é arroz com leite de coco e açúcar mascavo. Ele fica levemente escuro por conta da combinação e eu adorei! Comi muito arroz de coco na viagem toda e já quero aprender a fazer para comer aqui no Brasil. Como a cidade é na costa, come-se muito peixe e basicamente, pelo o que entendi, qualquer peixe vai com o prato, mas o normal é pescado. Patacones é algo bem peculiar… é banana da terra (plátanos) amassada, empanada e frita. Eu não adorei, mas também não detestei até porque não tem realmente gosto. Já o suco é de lulo, uma fruta local que tem um gosto que seria algo entre limão e carambola. Delicioso!

Após o almoço, voltamos ao hotel onde tiramos um bom cochilo para compensar a madrugada passada dentro do avião. Depois vimos que não foi uma má ideia, já que choveu a tarde toda. No fim da tarde, nos arrumamos e seguimos para o ponto de encontro do walking tour, que fica para o próximo post.

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Coisas que fazia no calor

Dizem que o verão irlandês 2013 foi um arraso e o inverno, fraquinho. Em 2012 foi assim, só que ao contrário, e eu amarguei meses e meses de frio e céu cinza. Mas quando fazia calor (calor = temperaturas a partir de 17 graus num dia sem nuvens), a gente tinha que comemorar e fazer tudo que não podia nos outros 360 dias do anos (hehehe… exagerei, eu sei).

Semana 3 – Coisas que fazia no calor

1- Sair de casa

Não importava pra onde nem pra que, só não podia desperdiçar um dia inteiro de sol dentro de casa. Era mandamento.

2- Usar vestidos e saias sem meia-calça por baixo e sem um casaco por cima

Meu sobretudo preto, aliás, quase virou guia turístico, pois já conhecia Dublin inteira.

3- Observar a felicidade dos irlandeses

Era engraçado e gostoso de ver os irlandeses aproveitando os dias de sol e calorzinho como se fossem os últimos. Nos dias quentes mesmo, eu sempre via irlandeses almoçando nos parques, tomando sol de biquini nos mesmo parques (sim, já vi muito isso), tomando sorvete (ainda não chegava a 20 graus e as sorveterias já tinham filas gigantes), lendo nos parques (aliás, fazer tudo que dá pra fazer no parque), levando o cachorro pra passear, levando as crianças ao playground… era uma alegria só!

4- Tomar sorvete com a verdadeira finalidade de se refrescar

Eu costumava comprar um genérico de Cornetto no Iceland, era bem mais barato e o sabor quase igual, mas no inverno comia por gula de doce, no verão, tinha a desculpa de tomar para me refrescar!

5- Ir ao parque

Pelos motivos já citados no item 3.

Sobre a percepção de calor

São Paulo está tendo um dos verões mais quentes dos últimos anos e as temperaturas estão passando fácil dos 30 graus todos os dias. As pessoas reclamam do calor (mas o negócio é reclamar, porque em julho reclamam do frio também), querem ventilador e ar condicionado ligados na potência máxima. Reclamam que transpiram muito, que não conseguem dormir à noite, que está tudo um inferno de quente. Enfim, as pessoas estão incomodadas. Mas não eu, eu não estou incomodada. Eu nem sinto tanto calor assim, apesar de ter a certeza que nunca passei um verão tão quente, pois nunca antes nos meus 26 anos de vida havia precisado lavar os cabelos diariamente porque a raiz fica encharcada de suor (sim, eu saio de casa e sinto minha cabeça inteira ficando molhada- passo a mão próximo a raiz e é só suor!). Mas ainda assim, o calor não me incomoda porque eu não sinto todo este calor (apesar do suor no cabelo) e só me dei conta disto realmente esta semana, ao estar caminhando e ver que o termômetro de rua (São Paulo está cheio deles agora) marcava 35 graus e eu não estava morrendo de calor. Sério, eu não estava mesmo, pelo contrário, estava curtindo o calorzinho enquanto caminhava.

Eu não fiquei uma noite sem dormir por conta do calor (aliás, tem noite que até durmo com um edredom leve), eu não abri a minha boca para reclamar dele nem um dia sequer. E eu entendi que minha percepção de calor está diferente do resto da população paulistana e diferente do que era antes de eu ir para a Irlanda.

E isso aconteceu quando eu voltei dos EUA. O inverno lá foi tão rigoroso quando era au pair (chegou a -27 graus, com uma média de 10 negativos e dificilmente passando dos 2 graus e neve, muita neve) que quando eu cheguei aqui, no inverno, eu não sentia frio. Ano passado, duas semanas depois de eu ter voltado da Irlanda, as temperaturas em São chegaram a 6 graus (o que é muito frio para o padrão paulistano), eu via todo mundo saindo com várias camadas de roupa e eu só com um casaco. E agora é o tal calor que não me incomoda! Devo ter sentido tanto frio na Irlanda por tanto tempo que parece que ainda estou compensando! hahaha…

E a previsão para a semana que vem é de ainda mais calor (acho que passa dos 35!) e eu estou feliz da vida, usando todos os meus vestidos e saias por aí! Climaticamente falando, estou mais feliz no forno paulistano do que estava na geladeira irlandesa em janeiro passado! Mas claro, eu sou a unica paulistana que não tem reclamado… hehe…

Rio de Janeiro

Rio 40 graus, senti na pele. E 40 graus é muito para uma paulistana.

Praia de Copacabana

Acho que me acostumaria melhor às temperaturas abaixo de zero do inverno da Irlanda. Bem, entre os 40 graus do Rio e os -27 que peguei em Denver, sinto que me adaptei melhor ao segundo.

“É como ir ao Arpoador e não ver o mar.”

Mas não posso negar que as praias são lindas – areia quase branca e águas claras.

Do Pão de Açúcar

Fiz o roteiro básico de todo turista: praias, Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Jardim Botânico… matei minha vontade de conhecer o Rio. E, provavelmente, lembrarei deste calor todo quando estiver na terra fria dos leprechauns.