Se você achava que por ter viajado a Brasília para tirar o visto depois de toda a burocracia para marcar a entrevista seria suficiente para eu chegar aqui e ir estudar, bem, saiba que isso era só a ponta do iceberg.
Meu visto, ou resident permit como eles gostam de chamar, é só meu free pass para entrar no país. Para me tornar oficialmente mestranda há toda uma burocracia e jogo de cintura para lidar com tudo.
O primeiro passo foi comparecer a Orientation Fair na Universidade para poder agilizar o processo. Apesar do ensino ser gratuito aqui na Finlândia por enquanto, eu sou obrigada a pagar uma taxa para o grêmio estudantil – coisa assim de 109 euros, troco de padaria. SQN. Este valor cobre meu primeiro ano e deverá ser pago novamente quando eu renovar o visto. Com o recibo em mãos, eu posso ir ao que eu traduziria como Seção de Alunos e solicitar meu cadastro para obter um número de matrícula (isso porque eu nem enviei minha matrícula há uns 4 meses, né?). Como estamos só em 2015 e a tecnologia não está lá essas coisas ainda (eu não tô vendo ninguém usando roupa prateada, ou seja, o futuro ainda não chegou), o sistema da universidade precisa de um dia para processar minhas informações e fornecer meu usuário e senha de acesso aos milhares de sistemas online da universidade – e eu achando que a USP e o JupiterWeb eram complicados.
Com muita agilidade, consegui fazer tudo isto numa tarde. Note que pagar 109 euros para o grêmio estudantil não me dá o direito de ter carteirinha de estudante… Para isso, eu preciso acessar um site e solicitá-lo pagando 15,10 euros. No mesmo dia fiz a solicitação e o cartão deve chegar na universidade em até duas semanas e até lá para poder garantir todos os descontos que tenho direito por ser pobre estudante, preciso mostrar o recibo de pagamento.
No dia seguinte tentei voltar a Seção de Alunos para pegar meu usuário e senha de acesso, mas o processo é lento e minha senha não foi chamada depois de 4 horas de tê-la retirado. Não, eu não fiquei 4 horas esperando ser chamada, eu fui almoçar, fazer a carteirinha da biblioteca, assistir uma aula e quando tudo isso terminou, a minha senha ainda estava longe de ser chamada e desisti. No dia seguinte, retirei minha senha às 9h30 da manhã, assisti uma aula, almocei e no meio da aula seguinte saí para às 13h10 pegar meu email da universidade e todo resto. E o pior é que eles resolveram usar meu sobrenome que menos gosto no email e usuário… ¬¬

E agora está tudo pronto? Não!
Fazer a carteirinha da universidade foi simples: senha (e uns 40 minutos de espera), cadastro e acesso criado. Mas o sistema da universidade é simplesmente complicado. Tão complicado que tivemos uma aula de 1h45 com a professora e os 4 tutores juntos para nos ajudar com tudo! O fato de eu ter sido aceita no mestrado e enviado minha matrícula não me matricula automaticamente no curso! Bem, quando entrei na USP, o sistema me matriculou em todas as matérias automaticamente no primeiro semestre, afinal, era meu primeiro semestre! Mas aqui é um pouco diferente.
O sistema que usamos para ver as disciplinas, fazer matrícula e organizar nossa vida na universidade se chama Weboodi. Bem, eu precisei incluir cada matéria que vou cursar este período no sistema. Depois, eu precisei criar um “Plano de Estudos” que é basicamente montar meu currículo para os dois anos de mestrado, incluindo matérias obrigatórias, optativas e eletivas. É óbvio que posso fazer mudanças depois, mas preciso incluir 120 créditos de matérias obrigatórias entre major e minor desde já. Isso que eu mal me acostumei com a ideia que sou mestranda. Depois marcamos uma data com a coordenadora do curso para poder discutir o que faremos nestes dois anos de mestrado.
Não bastasse isso, ainda tem o sistema chamado Lukkari, que nada mais é que meu calendário com os horários de aula. Só que eu achei que os sistemas eram interligados e tudo que eu me matriculava iria diretamente pra lá – na verdade, parece que é mais ou menos assim, por algum motivo que apenas Murphy sabe explicar, eu precisei incluir manualmente todas as minhas disciplinas!
Para terminar, quando enviei minha documentação para a faculdade, mandei a tradução juramentada de todos os meus documentos comprovando que tenho graduação completa. Precisei trazer todos os originais em português para poder apresentá-los na universidade e eles finalmente confirmarem minha matrícula de vez. Ainda não me devolveram os documentos, mas como eu trouxe tudo, posso considerar esta etapa concluída também.
E depois disto tudo feito posso dizer que finalmente sou mestranda! 🙂
