Um dia, ainda em Oulu, recebi um email com promoção de passagens para o Uruguai. O preço estava muito bom e eu já planejava mesmo voltar ao Brasil para passar as férias. Voltei da República Tcheca para a Finlândia para pegar meu voo para o Brasil e passei 2 dias em Helsinki, mas como não sou exatamente fã da cidade, não fiz muita coisa além de descansar. Passei minha primeira semana no Brasil terminando os últimos trabalhos pendentes do mestrado (porque eu sou uma procrastinadora de carteirinha) e no início de junho embarquei para passar 4 dias no país vizinho.

Chegamos num domingo à tarde. Eu tinha pesquisado algumas opções de como ir do aeroporto a Ciudad Vieja, onde ficamos hospedados, e achei que a van seria a opção mais conveniente. Infelizmente, os preços não estavam atualizados nos sites que consultei e levei um susto: queriam cobrar 800 pesos ou 115 reais para levar duas pessoas. É claro que achei um absurdo, então trocamos apenas 20 reais no aeroporto (que sempre tem a pior cotação e no dia estava 1 real = 7 pesos) e perguntamos no balcão de informações como chegar de ônibus. Nenhum ônibus chega até a Ciudad Vieja exatamente, mas subimos neste que o ponto final ficava a uns 10 minutos a pé do nosso hostel e a passagem custou 63 pesos para cada, ou menos de 15 reais para duas pessoas e a viagem levou cerca de 45 minutos. Uma moça que desceu no ponto final também nos ajudou a localizar no mapa (que pegamos no aeroporto) onde estávamos e como chegar no hostel.

Achamos o hostel Punto Berro facilmente, mas ficamos um pouco surpresos com o trajeto: apesar de ser a parte mais turística da cidade, as ruas estavam desertas e todas as lojas fechadas, exceto por um McDonald’s. O hostel também estava bem vazio e acabamos descobrindo que não havia mais do que outras 6 pessoas hospedadas lá, apesar de o prédio ter 3 andares.
O hostel fica em frente ao famoso Café Brasileiro, que consta ser o melhor café da cidade. É um prédio bem antigo e frio! Não há sistema de aquecimento, então fica tudo na base do aquecedor elétrico. Nosso quarto era bem frio e precisamos pedir um aquecedor. Quando fiz a reserva, constava que o café da manhã estava incluso, mas quando chegamos descobrimos que o hostel não servia mais. Como na minha reserva constava o café, os donos aceitaram nos servir todos os dias. Era um café simples, mas sempre tinha doce de leite!

Deixamos nossas mochilas no quarto e fomos visitar o Teatro Solís, pois era a única atração ainda aberta no dia e aos domingos é possível visitar o palco e camarins. Não tínhamos trocado mais pesos e todas as casas de câmbio da avenida principal, a 18 de julio, já estavam fechadas. Acabamos trocando apenas a quantia suficiente para pagar o tour, 60 pesos, e para comer algo mais tarde, num cassino com a cotação de 7,35 – ruim, mais ainda melhor do que no aeroporto.

O teatro oferece tours em espanhol por 40 pesos, mas em inglês e português custa 60. O guia tinha um português impecável! O tour começa do lado de fora com o guia explicando a arquitetura, em seguida fomos direto ao teatro, que é realmente lindíssimo. O guia chamou a atenção que no teto, onde há os nomes de diversos autores famosos, Shakespeare está escrito errado – o que eu tinha notado antes mesmo de ele falar. Não se sabe o motivo exato do tal erro, mas aparentemente já é parte do teatro.

Visitamos o palco, os camarins e uma pequena sala anexa e o tour se encerrou em pouco menos de 1h. Ainda estava claro e decidimos conferir o Mercado del Puerto, um dos pontos gastronômicos mais famosos da cidade. O engraçado é que tendo nascido em São Paulo, onde tem de tudo sempre e é tudo imenso, às vezes fico um pouco decepcionada com as coisas. O Mercado del Puerto é muito pequeno e não tem tantas opções de restaurantes. Chegamos quando já estava próximo de fechar, então resolvemos deixar para ir comer lá outro dia. Passeamos um pouco pela cidade e quando bateu de vez a fome, vimos que o McDonald’s já estava fechado e nossa única opção, próxima ao hostel, aquela noite foi comer um hambúrguer nestas barraquinhas de ruas. Um hambúrguer custou cerca de 12 reais e jurou que entupiu as veias do meu coração naquela noite, mas era o que tinha.
No dia seguinte, começamos com um walking tour. Era segunda-feira e a cidade tinha outra cara! As lojas estavam abrindo e havia muita gente já circulando e nem parecia que no dia anterior havíamos chegado no que parecia ser uma cidade fantasma!

Queríamos fazer o tour em português, mas no dia o guia que fala português estava doente, então fizemos em inglês mesmo. O tour cobre os principais pontos da parte turística, ou seja, a Ciudad Vieja – Praça da Independência, Teatro Solís, parte das Ramblas, o Templo Inglês, Praça Matriz, Rua Sarandi, Praça Zabala, Banco do Uruguai e o Mercado del Puerto. O guia deu ótimas dicas de onde comer, o que fazer e o que visitar. Uma dica que ele deu e que, na verdade, a gente já tinha decidido não fazer mesmo, é não visitar Punta del Este. Segundo ele, é extremamente caro e é a cidade menos uruguaia de todo país, justamente por ser extremamente turística. Nós, por outro lado, já tínhamos decidido não ir porque a cidade é essencialmente praia e fomos no inverno, além do que, não vimos outro motivo para ir além de tirar a foto com a escultura da mão na praia e seria ridículo ir lá só para isso.

Como o tour acabou no Mercado del Puerto, resolvemos almoçar por lá mesmo. Optamos por um restaurante que aceitava reais a uma cotação de 1 para 9 e que parecia ter um preço bem atraente. O prato típico da região é o Brasero, um combinado de vários tipo de carne – porém, metade delas são tripas e eu não achei a ideia muito boa. Optamos então, por outro prato bem típico também, o Chivito. Tradicionalmente, é um lanche de carne com queijo e ovo que se come no pão com batata frita, mas comemos a versão “no prato”, sem o pão.

Calculamos que o valor em reais da refeição sairia em torno de 60, o que eu já achei caro se você pensar que isso nada mais é que um “bife a cavalo” incrementado com fritas e salada de maionese. Quando veio a conta, o susto: 100 reais. No Uruguai, assim como na Argentina, se cobra o cubierto, uma taxa pelo uso dos itens do restaurante (pratos, talheres, copos etc) e o problema é que isto não estava escrito em lugar nenhum, mesmo sendo um local turístico. O cubierto nos custou 25 reais e somando-se a gorjeta, chegamos a quantia de 100. Confesso que saímos do restaurante nos sentindo bem trouxas de pagar tão caro numa refeição tão simples, mas logo vimos que comer fora no Uruguai é realmente caro, mesmo que seja fast food.
Após o superfaturado almoço, fomos visitar o prédio da prefeitura onde tem o mirante. O prédio fica na 18 de julio também e a visitação é gratuita – basta pegar o elevador e subir até o último andar do prédio.

Era um lindo dia de sol, então a vista estava linda e conseguimos ver a cidade toda.
Como nosso plano era ir a Colonia del Sacramento no dia seguinte, achamos melhor comprar o bilhete com antecedência. Saímos do mirante e fomos subindo a 18 de julio em direção a rodoviária de Tres Cruces. No caminho há inúmeras casas de câmbio e todas divulgam em números gigantes a cotação daquele dia. Então, fomos comparando até achar a que tinha a melhor cotação. Nos 4 dias que ficamos no país, trocamos dinheiro 3 vezes e pegamos cotação entre 8,20 e 8,40 – o peso foi se desvalorizando um pouco no decorrer dos dias.
Compramos os bilhetes de ida e volta e custaram cerca de 85 reais (ui!). Fomos com a empresa COT. Aproveitando que estávamos naquela região e ainda estava claro, fomos até o estádio Centenário, mas apenas vimos do lado de fora. Lá dentro tem o museu do futebol, mas não tivemos muito interesse de visitá-lo.

Voltamos ao hostel a pé e passamos no mercado para comprar e fazer o “famoso macarrão com molho das viagens”. Sério, é muito caro comer fora em Montevideo, então decidimos que o almoço seria na rua, mas o jantar teria que ser no hostel ou o porquinho não ia sobreviver até o fim da viagem.
Eu me senti numa cidade-fantasma o tempo todo, muitas lojas fechadas e ruas desertas – só ali na Ciudad Vieja é que vimos mais gente, mas de resto, tudo muito tranquilão! Essa do nome do Shakespeare eu não sabia, o guia não comentou quando estávamos lá!