Mestrado em Educação e Globalização

Em janeiro de 2014 eu me encantei com a possibilidade de fazer mestrado na Finlândia e, basicamente, passei o primeiro semestre inteiro  pesquisando sobre o curso e tudo que era necessário para enviar minha inscrição.

Antes de explicar toda essa parte, vamos entender que curso é esse e por que ele despertou meu interesse. Senta que, para variar, lá vem história.

Desde pequena quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, eu respondia que queria ser professora porque gostava de ajudar meus coleguinhas de sala que estavam com dúvidas. Claro que ao longo da adolescência eu mudei de ideia algumas vezes e até mesmo quando preenchi a folha de inscrição da FUVEST, eu ainda tinha dúvidas. Para ser bem sincera, eu escrevi “Relações Públicas” – não sei de onde tirei isso -, mas na noite anterior a entrega da ficha, sonhei que havia passado em Letras, que era a segunda opção, e não tive dúvidas: passei branquinho e mudei o curso. Passei, levei 5 anos para me formar Bacharel em Português e Inglês (e eu tranquei a faculdade no meio para ir aos EUA), até tive minhas dúvidas se estava na carreira certa, mas no fim ficou muito claro que sim, eu estava e estou fazendo o que quero e gosto. Ainda demorei um pouco mais para conseguir terminar a Licenciatura, que também foi trancada para eu ir para a Irlanda e, ao todo, foram 7 anos para conseguir me formar Bacharel e Licenciada em Letras pela USP – se contar os 2 anos que parei pelos intercâmbios, foram 9 primaveras!

E eu nunca pensei em parar por aí, já que educação é realmente minha praia. No mesmo ano de 2014, eu me inscrevi para o mestrado na mesma USP. Fiz a prova de proficiência de inglês e passei, mas não fui fazer a prova específica para a área que queria – estava trabalhando muito e não tive tempo de fazer as leituras obrigatórias, então deixei pra lá e continuei pesquisando o curso da Universidade de Oulu. Então, chega de papo e vamos a ele.

Neste link (em inglês) há uma breve descrição do curso. Tem duração de dois anos, sendo que no primeiro você “estuda” e faz matérias diversas e no segundo, desenvolve sua dissertação de mestrado, que não precisa ser sobre um tema inédito – isso fica para o doutorado. Sendo assim, é um curso stricto sensu, ou seja, ao final terei o título de Mestre em Artes (não sei porque, mas no exterior a minha área é chamada assim – seria eu uma artista?). Entre o primeiro e o segundo ano, nas férias de verão, os alunos precisam fazer estágio em alguma escola, ONG ou no governo, que pode ser feito em qualquer lugar do mundo – e eu planejo fazer aqui no Brasil mesmo.

O foco do curso é trabalhar questões de ética, planejamento, currículo etc dentro do campo de Educação e assim, melhorar a qualidade de ensino e formar profissionais competentes para atuarem de forma responsável em suas comunidades. O curso foca na diversidade, então sempre têm uma turma bem heterogênea com pessoas de todas as partes do mundo, o que acredito que contribua muito para o desenvolvimento de todos. Sendo assim, o curso é ministrado em inglês e exige um certo nível de fluência no idioma para acompanhar as aulas.

Apesar de ser um curso em educação, estudantes de qualquer área podem se candidatar, sendo que por motivos óbvios, eles dão preferência a quem já seja desta área – no caso, Pedagogia no Brasil -, logo depois para quem é de Humanas (que é o meu caso) e por último, todas as outras áreas.

Para quem ficou curioso ou interessado, neste link tem o currículo para o ano de 2014-2015. No primeiro semestre, além das matérias de educação, há ainda disciplinas para ensinar o basicão de finlandês e cultura finlandesa! Ufa! 🙂

E qual é meu objetivo fazendo este mestrado? Como citei anteriormente, nunca pensei em parar no ensino superior e o mestrado seria só a próxima etapa do fluxograma (sou contra o fluxograma da vida, mas educação é outra história). Não quero continuar estudando por uma questão profissional apenas, até porque a área que atuo não é exatamente uma profissão de mercado. Quero fazer mestrado em Educação porque eu já comecei optando por um curso que gostava, não que me daria dinheiro, e pretendo seguir assim – trabalhando com o que gosto, porque me desculpe a sociedade capitalista, dinheiro não pode ser meu objetivo principal de vida. Escolhi como projeto de mestrado um tema que gosto (falarei a respeito futuramente), porque assim meu mestrado fica mais gostoso de ser feito. É óbvio que quando voltar ao Brasil (gente, sem esse papo de “você vai arranjar um europeu e vai ficar por lá” ou “duvido que queira voltar, o Brasil tá uma m***a” – parem, apenas parem), eu sei que terei oportunidades profissionais que irão além de atuar em sala de aula (algo que, apesar de todos os pesares, gosto muito) e, consequentemente, ganharei mais do que ganho hoje. Aliás, minha perspectiva é que volte ganhando pelo menos 1/3 a mais do que ganho atualmente, mas de qualquer forma, esta não é a motivação principal. Além da questão de “fazer porque gosto”, juntei a fome com a vontade de comer: vou morar fora novamente e apesar de já ter passado por isso duas vezes antes, desta vez o desafio será muito maior, afinal, é muito fácil ir morar num país onde a língua oficial é inglês quando você já é fluente na língua, né? Mas e o finlandês? E a cultura? O que você sabe sobre a Finlândia? O que eu sabia quando resolvi entrar nessa? Aguardem os próximos posts!

Fluxograma da vida: Mafalda não aprova
Fluxograma da vida: Mafalda não aprova.

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7 comentários sobre “Mestrado em Educação e Globalização

  1. Já estou aqui ansiosa pelos próximos posts, Bia!

    E que legal ver que há alternativas no exterior pra quem escolheu a área de humanas, sempre me frustro com o Ciência Sem Fronteiras por conta disso. Vou intensificar minhas buscas e ver se encontro algo também na minha área.

    Vai ser muito legal conhecer um pouco mais da Finlândia sob sua ótica.

    See you!!! 😀

    1. Bia

      Que bom, Thaís!
      Infelizmente, a área de humanas é pouco valorizada… é mais difícil, mas não impossível estudar fora sendo dessa área.

  2. Oi Bia! Acabei de conhecer seu blog, estou adorando!! Também sou professora, gosto bastante! Fiz mestrado em Educação e Estudos Culturais na UFSC e sou bióloga. Estou buscando um doutorado ou ainda um lugar para fazer doutorado sanduiche. Daí cheguei no seu blog. 😉 Em 2014 realizei um projeto com meu marido e escrevi um pouco no nosso blog sobre Educação no Butão e em Bali e projetos educativos/voluntários que realizamos na Tailândia. Se tiver curiosidade, é só fazer uma visitinha!
    http://voamundo.com/2014/07/15/educacao-no-butao/
    http://voamundo.com/2014/12/14/uma-escola-de-bambu-no-coracao-de-bali/http://voamundo.com/2014/08/27/cancoes-brasileiras-e-ponteados-de-viola-na-tailandia/

    Já me tornei assinante do seu blog. Vou passar a acompanhar daqui pra frente. Abração!! Sara

    1. Bia

      Oi, Sara!
      Eu conheço vários doutorandos brasileiros aqui, a maioria fazendo sanduíche. Seu interesse é na área de biologia?
      Vou dar uma passada pra conferir o projeto, sim!

      1. Oi Bia! Nossa, muito agradecida pela resposta. Só vi agora! Teria interesse na área de Educação e Estudos Culturais, bem como na de Sociedade e Meio Ambiente (Ciências Sociais e/ou Estudos Culturais). Grata!! Abraços, Sara.

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