Voltei!
Não cheguei a completar exato um ano de Irlanda porque aquela companhia aérea que eu tanto amo (ao contrário), Lufthansa, cobrou uma taxa de remarcação de passagem superfaturada. Basicamente, se eu quisesse voltar dia 23 de julho, o último dia disponível para remarcação, me cobrariam apenas 1900 reais, quase o valor que paguei pela passagem de ida e volta. Por motivos financeiros, então, retornei à pátria amada e idolatrada (oi?) uns dias antes (porque só me extorquiram cobraram metade do valor) por isso. E perdi a super semana de sol e calor que veio logo depois que vim embora. Eh, acho que meu karma era passar frio lá!
Eu estava contando os dias para voltar por algum motivo até agora não descoberto. Sometimes my mind plays tricks on me. Porque cheguei aqui e não entendi ainda porque eu queria tanto voltar. Alguns dias já se passaram e eu entendo porque não quis ficar outro ano (tema de algum post futuro) e lembrei porque tanto quis ir para a Irlanda (isso só sendo meu amigo na vida real para saber – o blog não é divã, né, gente).
Foi bom ter morado na Irlanda?
Neste ano eu perdi passaporte, tive meu laptop furtado e passei por cada situação que só Jesus na causa! Tem coisa que não gosto nem de lembrar e adoraria um sistema a lá O brilha eterno de uma mente sem lembranças para a vida parecer mais bonita quando eu olho para o passado. Mas tem o lado bom, como tudo na vida: conheci pessoas maravilhosas e que valeram a pena ter ido me aventurar na Europa, apesar de algumas delas terem aparecido já quase aos 45 do segundo tempo (sim, são vocês mesmo), conheci outra cultura e acho que me tornei mais gente.
Aliás, num intercâmbio deste tipo ou você vira gente ou nunca mais na vida. E sinto informar que tem alguns que nunca na vida mesmo! Se você não era uma pessoa totalmente independente no Brasil, lá você é obrigado a ser. Foi um ano em que eu paguei todas as minhas contas (do aluguel a bala), fiz meus horários, determinei minhas prioridades, convivi com pessoas bem diferentes de mim (e paciência é meu dom, amém!) e me virei nos 30.
Eu não viajei tanto quanto gostaria, confesso, mas não me sinto frustrada. Só é mais uma desculpa para voltar a Europa daqui algum tempo- como me falaram, minhas asas são muito grandes- não pensem que não sairei mais do Brasil.
Meu inglês ficou meio manco. Eu falava muito mais inglês no Brasil do que na Irlanda. Dando aulas em n lugares de segunda a sábado, eu falava inglês uma boa parte do meu dia. Na segunda metade do intercâmbio, quando já não frequentava mais aula e morava exclusivamente com brasileiros, eu basicamente falava inglês com o F., que aos 3,5 anos já tinha um vasto vocabulário, mas ainda conjugava os verbos irregulares como regulares (uma fofura, né, gente?) e me perguntava o significado de algumas palavras que eu dizia. E meu vocabulário de criança nativa adquirindo linguagem melhorou muito: até eu fico surpresa, mas já estava batendo altos papos com O., de 2 anos, mesmo ele não falando nenhuma frase inteira. Cara, eu entendia tudo que ele me falava! Bem, agora é assistir muitos seriados americanos, filmes sem legenda e voltar a dar aula para voltar a ficar com o inglês na ponta da língua.
Eu consegui meu certificado do CAE e ainda estou esperando sair o resultado do CPE. Mesmo que eu não tenha passado no último, já me dou por satisfeita de ter voltado para o Brasil com o primeiro e vou tentar o CPE novamente, se for o caso. A vida é assim, não deu certo, tenta de novo!
Foi uma experiência diferente de tudo que já vivi e acho que um pouco diferente da maioria das pessoas que no fim deve dizer que valeu a pena porque aprendeu/melhorou o inglês e viajou bastante, eu digo que valeu pela a oportunidade de conviver com tantos tipos diferentes e observar as interações humanas fora de sua zona de conforto, notar que eu sei me virar e consigo ser uma pessoa flexível na medida do possível e enfim, que o mundo está aí para ser explorado! Hoje eu sei melhor quem sou e o que quero. 🙂

Awww, apenas soltei aquele risinho bobo de canto de boca quando li “são vcs mesmo”. Hehehe! Sim, vc voltou e largou a gente aqui…mimimi, mas como eu lhe disse, agora vc está na ponte. A vida ai é só mais uma fase que vc tem que passar pra saber onde vc vai dar o proximo passo… as suas asas sao grandes demais pra ficarem voando só no Brasil.
Quem sabe 2014/2015 nao te reservam outro tempo fora? Mesmo que vc nunca mais faça um intercambio, viajar vc sempre vai!!!
E nao tem nada mais legal nessa vida do que comprar passagens!
Que palavras inspiradoras!
Curioso pelo próximo post pra saber a resposta de 2 perguntas que me deixaram curioso: O por que de você não querer ficar mais um ano, e o por que de você querer tanto ter ido para a terra dos Leprechauns.
Também tô curiosa pra saber o porquê de você não querer ter ficado mais, mas eu acho que já sei…
Tô sentindo sua falta!
Só estando aqui a gente sabe o quanto faz falta um amigo de verdade – não só companheiro de sala, de casa, amigo de amigo, conhecido, mas amigo que a gente pode desabafar, falar de coisas que gosta em comum, contar um com o outro… enfim, cê sabe. Sinto sua falta todo dia!
E sim, cê tem MUITA paciência e teve muuuuuita calma em diversas situações bizarras aqui. Parabéns! E parabéns por saber mais aonde você quer chegar.
Vem pra Europa de férias no fim do ano! 🙂
Bia, faz tanto tempo que acompanho seus posts em Dublin, é até meio estranho você estar de volta e eu agora aqui do outro lado!
Engraçado ver você dizendo que não entende porque queria tanto voltar! Gosto de viver em Dublin, tenho só 5 meses e tudo ainda é aquela fase de descobertas e fico muito feliz conhecendo cada novidade, cada ‘coisa diferente’, mas apesar disso tenho muito claro que não quero demorar a voltar e não entendo o porquê, não sei o que é que tenho para fazer ‘na volta’.
Enfim, a louca se sentindo intima e fazendo o ‘momento divã’ hahaha… passei mesmo só para desejar o melhor nas suas escolhas! 😉
Abraço!
Jamile,
É um sentimento estranho. Estou de volta à mesma realidade depois de um ano muito intenso. É um desafio.