Oito meses de Irlanda

É muito clichê e lugar comum falar que “wow, passou muito rápido”, mas é verdade, passou mesmo. Parece que o tempo aqui na Irlanda está passando mais rápido do que o meu um ano de au pair nos EUA. Há toda uma explicação lógico-científica para isso, mas não vou entrar no mérito da questão.

No começo é tudo novidade e descoberta. Você chega numa cidade desconhecida e sabe que, em pouco tempo, terá o mapinha dela em sua cabeça e todos os nomes de ruas, bairros e lojas serão “velhos amigos” em algum tempo.  O filme O Albergue Espanhol (que eu já falei a respeito aqui), mostra um francês chegando na Espanha para seu intercâmbio universitário e ao chegar em Barcelona esta é sua reflexão:

“Quando se chega em uma cidade, vemos ruas em perspectiva. Sequências de prédios sem significado. Tudo é desconhecido e virgem.
[…]
Algum tempo depois teremos vivido nesta cidade. Teremos andado em suas ruas. Teremos estado no fim de suas perspectivas. Teremos visto todos os prédios. Teremos vivido histórias com pessoas. Quando tivéramos vivido nesta cidade, teremos andado por esta rua milhões de vezes. Depois de um tempo, tudo fará parte de você porque você terá vivido lá. Isto ainda iria acontecer, mas eu não sabia ainda.

Urquinaona (nome de uma rua)

Este nome estranho agora faz parte da longa lista de nomes estranhos que está em algum lugar do nosso cérebro.
Urquinaona, próxima a Mouffetard, Bondoufle, Ponteaux-Combault Marolles-en-Hurepoix, Mandelieu-La Napoule e Knok le Zout.
Tudo se torna normal e familiar.
Mais tarde, bem mais tarde, quando voltarmos a Paris, cada situação difícil se tornará uma aventura extraordinária!
Sempre haverá alguma coisa idiota ou o pior dia da nossa jornada. As experiências que mais sentiremos saudade serão aquelas das quais mais falaremos.”

O’Connell Street, Henry Street, Grafton Street… tantas ruas que eu mal sabia que existiam quando cheguei, hoje formam um mapa no meu cérebro, com os roteiros de como se chegar até elas e o que se encontra em cada uma.

Aquela sensação meio estranha de estar segurando uma nota de 10 euros ou recebendo um troco de uma moeda de 2 euros, hoje é apenas a rotina. Ganho em euros, gasto em euros. Simples assim.

O “susto” de notar a moda irlandesa já passou. Hoje em dia só penso “as irlandesas se vestem assim, ok”. Ou os irlandeses fazem isso e isso. Ok. Esta é a cultura irlandesa, penso.

Ir ao mercado fazer compras, preparar minha própria comida, me preocupar em pagar as contas ou prestar atenção na limpeza da casa é rotina também. Sim, eu poderia ter esta mesma rotina no Brasil, mas eu não tinha. Isto começou na Irlanda como novidade e hoje é apenas minha vida.

Comecei o post com um clichê e vou terminar com outro, desculpem. Fazer intercâmbio não é só aprender outra língua ou cultura (e no meu caso, eu nem aprendi outra língua mesmo, o inglês já estava na ponta da língua), mas é amadurecer, ver a vida sob outra perspectiva e, enfim, viver! 😉

I don’t feel like going back home in 4 months!

12 comentários sobre “Oito meses de Irlanda

  1. 2/3 já foram e eu digo CARAMBA, tenho 7 países que eu quero conhecer. Ai você olha sua conta bancária e começa a orar. Vou marcar a remarcação na segunda feira e depois te passo como foi.

  2. Ana

    Que lindo….Minha pequena preocupando com limpeza da casa..aprendeu fazer coisas gostosas na cozinha. saudade da pequena…Eba vou ter ajudante. ó do olho.
    bjo

  3. Verena | Fotografia

    Tudo acaba se tornando uma experiência e contribuindo para formar o nosso “eu”, nossa personalidade e quem somos. Tanto você aí na Irlanda como nós aqui no Brasil estamos passando pelas mesmas experiências, mesmo que em circunstâncias diferentes.

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