De um campo a outro são cerca de 3km. A mesma van que nos pegou no hostel, nos levou a Birkenau.

Os trilhos do trem vão até dentro do campo e na própria “plataforma” era feita a seleção. Após explicar detalhes dos trilhos, trens e seleção, a guia nos disse que faríamos exatamente o mesmo caminho feito pelos recém-chegados que iam para a câmara de gás. Foi forte.

Em seguida, entramos nos prédios onde os prisioneiros dormiam e a guia reassaltou que o inverno polonês poderia ter temperaturas de até -20 graus e, mesmo assim, não havia qualquer tipo de aquecimento nos prédios e os prisioneiros não recebiam nenhuma roupa extra para aguentar o frio. Visitamos também o “banheiro”, local sem condição nenhuma de higiene e nenhuma privacidade.

E como praticamente tudo no campo era feito pelo próprios prisioneiros, eles deveriam limpar o banheiro também. Mas por incrível que pareça, este era um dos trabalhos “bons” de Auschwitz. Primeiro porque os prisioneiros só poderiam ir ao banheiro de manhã ao acordarem e à noite quando voltavam do trabalho e trabalhando com a limpeza, o acesso ao banheiro era livre (lembrando que diarréia era um sintoma comum entre os prisioneiros devido a várias doenças). Segundo, porque ficavam tão mal cheirosos que os guardas do campo não chegavam perto nem para bater.

Em Birkenau foi construído um memorial para as vítimas e há uma pedra de mármore com uma mensagem escrita em cada uma das línguas faladas pelos prisioneiros. Comovente.


Auschwitz-Birkenau 1940-1945
Terminada a visita, saí dos campos refletindo muito e até agora às vezes me pego pensando nas coisas que vi ali. Uma cena muito forte em Auschwitz é da sala onde estão 2 toneladas de cabelos raspados dos prisioneiros. Não é permitido fotografá-los. Ver objetos pessoais de pessoas que foram tratadas de forma desumana choca, mas ver seus cabelos comove de uma forma que não consigo expressar com palavras. E por que os nazistas raspavam os cabelos? Retorno financeiro, como tudo que exploravam nos campos. Os cabelos eram vendidos para a indústria têxtil e as cinzas dos prisioneiros poderiam virar fertilizante.

Como contei no início do primeiro post sobre Auschwitz-Birkenau, sempre me interessei por esta parte da história. Já li alguns livros, reportagens e vi alguns flmes relacionados ao tema, então, achei que seria interessante indicar alguns.
1. A vida é bela
Filme italiano de 1997 com direção de Roberto Benigni e é um dos meus preferidos. Guido e seu filho são levados para um campo de concentração, mas o pai consegue fazer com que o filho acredite que estão participando de um grande jogo e o menino não percebe o meio em que está inserido. O final é comovente.
2. O menino do pijama listrado
Eu sempre digo que primeiro se deve ler o livro para em seguida ver sua adaptação ao cinema, mas neste caso, fiz o caminho inverso. Bruno é filho do comandante de Auschwitz e fica frustrado ao ser obrigado a deixar Berlin para viver ao lado do campo. Aos 8, 9 anos, ele não entende o que acontece à sua volta e adora sair para explorar. Conhece, então, um menino que está sempre vestindo “pijama” e viram amigos. A linguagem do livro é muito simples, pois a história é contada à partir do ponto de vista de uma criança.
3. Bastardos Inglórios
O filme mistura ficção e realidade e é bem para o gosto daqueles que adoram ver sangue. Um grupo de soldados judeus tem a missão de matar de forma cruel o maior número possível de nazistas e Shosanna é uma judia que conseguiu fugir de um massacre que matou toda a sua família e agora dirige, com um nome falso, um cinema em Paris. Eles se encontram e o final é interessante, eu diria.
4. A lista de Schindler
O filme foi rodado em Cracóvia e após visitar alguns locais que aparecem nas cenas, fiquei com muita vonta de assistí-lo (porque apesar de passar todos os dias no SBT desde que eu tinha uns 8 anos, eu nunca tinha visto!). São mais de 3h, mas o filme é maravilhoso! Conta (de forma romanceada, claro) a história de Oskar Schindler, um membro do partido nazista que se simpatizava com os judeus. Quando o gueto judeu foi extinto, gastou sua fortuna (conquistada com o trabalho escravo de judeus) salvando o maior número possível de pessoas exigindo que levassem todas para trabalhar em sua fábrica. Lá, os prisioneiros tinham condições mais dignas de vida e não sofriam nenhum tipo de punição ou tortura.
5. O diário de Anne Frank

Já li o livro 3 vezes, sendo que a primeira vez foi aos 14 anos. Anne Frank era uma alemã judia que havia se mudado para a Holanda com a família fugindo dos nazistas. Infelizmente, a Holanda também começou a deportar judeus e sua família se escondeu em um “anexo secreto” num prédio comercial que era de seu pai. A menina manteve o diário por mais de 2 anos, até que sua família foi denunciada e enviada a Auschwitz. Recentemente descobri que há uma adaptação para o cinema de 1959! Para quem se interessar, basta digitar “O diário de Anne Frank” no YouTube e encontrará o filme completo.
6. Auschwitz: The Nazis and the Final Solution
Excelente documentário da BBC de 6 episódios sobre a história do campo que assisti logo antes de viajar. Traz muitos relatos de sobreviventes e até de um guarda que trabalhava no campo. Sei que a BBC tem mais alguns documentários sobre o tema, é só dar uma pesquisada!
7. A queda – As últimas horas de Hitler
Filme alemão de 2004 que, enfim, o título é autoexplicativo. A secretária de Hitler conta como foram seus últimos dias escondido em seu esconderijo de segurança máxima. O filme tem 2h e meia e pode ser um pouco cansativo se você não estiver realmente interessado.
8. O pianista
Filme dirigido por Roman Polanski. O diretor é franco-polonês e viveu no gueto de Cracóvia, de onde conseguiu fugir antes de ser enviado a Auschwitz. O filme conta a história de um pianista judeu que consegue fugir dos soldados nazistas e se esconde em prédios abandonados até que a guerra acabe.
Sei que há muitos outros filmes, livros (ficcionais ou não) e documentários sobre esta parte da história e estas são apenas algumas sugestões. Vi nas livrarias aqui da Irlanda um livro chamado “The dark charisma of Adolf Hitler” da BBC e estou seriamente pensando em comprar. Ah, tem o documentário de mesmo nome.
A próxima parada da viagem também foi marcada pelas lembranças do horror nazista.
Ótima indicação de filmes!