A visita seguiu e fomos aos prédios onde os prisioneiros ficavam. As instalações mudaram com o tempo: no começo dormiam em cima de palha, depois passaram para colchões bem finos também de palha até que começaram a dormir em “triliches” de madeira sem colchão nem conforto nenhum.

Nos corredores deste prédio estão fotos dos prisioneiros com dados como nome, nacionalidade, data de nascimento, data de chegada ao campo e data de óbito. Nota-se que a maioria faleceu poucos meses após a chegada e pouquíssimos sobreviveram mais que um ano. Dentre todas as fotos que vi, uma me chamou muita atenção:

Em sua maioria, já com a cabeça raspada no momento da foto, os prisioneiros não posam. O rosto mostra cansaço e o resultado das péssimas condições de vida. Mas esta moça da foto, por algum motivo, sorri. Um sorriso tímido, mas ainda, um sorriso. Fiquei imaginando o porquê. Será que ela ainda tinha esperança? Será que acreditava que poderia haver um final melhor? Ou simplesmente resolveu sorrir apesar de todos os pesares? Infelizmente, ela faleceu pouco mais de um mês depois de ter chegado, aos 25 anos.
O que também me chamou a atenção foram as fotos de duas irmãs gêmeas lado a lado. Josef Megele realizava diversas experiências com irmãos gêmeos, como tentar criar siameses, por exemplo, e aqueles que sobreviviam eram mortos para estudos (sem nenhum valor científico, diga-se de passagem).

As condições nos campos eram muito precárias. Os primeiros prédios foram construídos pelos próprios prisioneiros com tijolos retirados da casas dos vilarejos próximos ao campo depois que os alemães expulsaram os moradores da região. Em seguida, começaram a usar madeira usada em estábulos e em cada prédio até 700 prisioneiros tinham que dormir juntos, sendo que entre 4 e 5 dividiam cada parte de uma “triliche”.

A guia relatou diversas formas de tortura e punição aplicadas aos prisioneiros. Duas me impressionaram bastante. Na primeira, o prisioneiro tinha os braços amarrados nas costas e era pendurado pelas mãos a uma altura que não poderia tocar o chão. Sobrevivendo à tortura, quase sempre se tornava inútil para o trabalho devido aos danos físicos causados e, invariavelmente, era encaminhado para a câmara de gás. Na segunda, até quatro prisioneiros eram colocados numa pequena sala onde mal poderiam de movimentar e havia apenas um pequeno buraco na parede; passavam a noite assim e no dia seguinte eram obrigados a trabalhar. Alguns morriam sufocados.

Para encerrar a visita a Auschwitz e antes de partir para Birkenau, entramos numa das câmaras de gás e no crematório. Indescritível.


E ao lado deles ficava a casa onde o comandante do campo vivia tranquilamente com sua família.
[continua]
=(
A Thália vai ficar depressiva… já é a segunda ou terceira carinha de triste que ela faz. Esse post me lembrou o filme “Olga” naquela cena da câmara de gás ou de cremação…
Lembrou-me também o livro “O menino do Pijama Listrado” no qual a família morava tranquilamente nas proximidades de um campo de concentração
Não vi Olga ainda, mas já está anotado na lista de “must see”, inventada agora.!
Pode colocar que é bem interessante
Muito bom!
Acredito que o clima deve ser deveras pesado…Com certeza é um dos lugares que tá na minha lista, até pra complementar o que tenho lido sobre os “Illuminatis”, que cita muito as terríveis experiências desse monstro Josef Megele… Muito legal mesmo Bia!
Ansiosa pela próxima parte!
Beijo.
Que bom que está gostando, Thaís! A visita foi muito marcante para mim e já mais de duas semanas depois eu ainda me pego refletindo sobre tudo. Logo vou escrever a última parte!
Cara, essa sua série de posts tem sido uma das melhores até agora. Interessante demais, principalmente pra quem gosta de história, como eu.
A sensação de estar num lugar desses deve ser de fato, indescritível!