Sempre me interessei por esta parte (infeliz) da história. Lembro que quando era adolescente, a revista Superinteressante de tempos em tempos publicava alguma matéria sobre o Holocausto e eu devorava as páginas. Foi assim que conheci a história de Joseph Mengele, por exemplo, conhecido como o Anjo da Morte. Acho que minha incapacidade de compreender como tais atrocidades puderam acontecer e como ideias insanas conseguiram convencer uma nação inteira de que era normal matar porque (mas não só) era diferente me fizeram tão curiosa sobre o tema.
Planejando a viagem pela Polônia, não tinha como deixar de lado uma visita aos campos de concentração de Auschwitz e Birkenau. Uma coisa é certa: ninguém sai indiferente de um lugar desses.
O nome da cidade é Oświęcim, mas virou Auschwitz em alemão. Apesar de ser possível chegar até lá de trem, decidimos pagar um tour pela comodidade. Uma van nos pegou no hostel e durante a 1h de viagem, assistimos um documentário sobre os principais fatos dos campos de concentração. No tour já estava incluso a visita com guia, o que torna tudo ainda mais real, por assim dizer.
O portão de entrada com os dizeres “Arbeit macht frei” (ironicamente, “O trabalho liberta”) ainda está lá. Não é o original, já que este foi roubado.

A parte externa de todos os prédios ainda é original, mas o interior da maioria foi restaurado e transformado em museu. Os poucos prédios que preservam o interior original nos mostram a realidade que milhares de inocentes foram obrigados a suportar.
Na foto abaixo está o prédio onde, em frente, a banda tocava. Sim, pois para coordenar a marcha dos prisioneiros que voltavam para o campo depois de um dia de trabalho pesado utilizavam música. E eles deveriam marchar no ritmo. Isto também facilitava o trabalho de contá-los.

O que impressiona é a forma como estas pessoas eram levadas até os campos. Muitos foram enganados com promessas de uma “nova vida”: os alemães vendiam terras e comércios que nunca existiram e alguns até tinham que pagar sua passagem para chegar a Auschwitz. O trem que levava os “passageiros” era utilizado para transporte de gado e a viagem que poderia durar dias era exaustiva, sem água ou comida e condições mínimas de higiene: o banheiro era um balde. Alguns não sobreviviam nem à viagem.

Ao chegarem ao campo, homens eram separados de mulheres e crianças. Em seguida, passavam por um médico que determinava quem estava apto ou não para o trabalho apenas analisando a aparência. Aqueles que poderiam trabalhar eram direcionados para o campo de concentração e os demais (incluindo todos os idosos, mulheres grávidas e crianças) iam para as câmaras de gás. Para não gerar pânico, diziam aos condenados à morte que estavam indo para o banho. Alguns trens nem passavam por seleção e todos eram encaminhados diretamente para a morte.

Os alemães criaram uma indústria do extermínio e no auge do campo, era possível matar e incinerar até 2 mil pessoas por dia. A câmara ficava no subsolo: as pessoas desciam e deveriam se despir no vestiário e, em seguida, entravam para o “banho”. Portas trancadas, por buracos no teto jogavam o gás venenoso, Zyklon B.

A parte mais forte da visita, sem dúvida, são as salas onde estão os pertences das vítimas achados no campo depois da libertação. Emociona e choca. Milhares de pertences pessoais como óculos, sapatos e pentes de pessoas que acreditavam que estavam recomeçando.

Ainda mais tocante é ver as pilhas de panelas, latas de cosméticos e graxas trazidos pelos passageiros. Neste instante que se percebe como todos queriam acreditar na grande mentira do recomeço, como precisavam ter fé que tudo era verdade. Quem não crê nisso não traz consigo itens de cozinha. Quem embarca para a morte não leva coméstico para manter o corpo bonito ou graxa para polir o sapato.

E as malas. Malas com nome, sobrenome e cidade natal. Malas que foram identificadas para serem facilmente encontradas quando chegassem ao destino. Malas que nunca mais voltaram para as mãos de seus donos. Malas que foram roubadas pelos alemães, reviradas e delas separado tudo que pudesse ter algum valor.

Crianças também embarcavam rumo a Auschwitz e seus maiores pertences não voltavam para suas mãos.

[continua]
Chorei =[ =[ =[ =[ =[
Que viagem no tempo hein…. Eu lembro e conheço essa sua fixação pela história nazista, deve ter sido interessante você estar no local que os livros e revistas que lia falavam né? Lembrei do Magneto do X-Men entortando o portão de acesso do campo de concentração.
Obs: É impressão minhas ou a maioria das suas fotos você está sempre de costas? Oras… mostre mais o rosto rs
Não é impressão, não! hehe… 99% das fotos estou de costas mesmo.
Por que isso? Tem alguma razão ou apenas não quer mostrar o rosto?
Uow, mto forte! Tb me lembrei do Magneto..
Por que Magneto? A desinformada…
Oi!
Primeiramente, gostaria de parabenizá-la por usa coragem e estômago ao visitar Auschwitz.
Não que não tenha gostado do post, na verdade adorei! Não sei como foi pra você estar lá, ver um pouco de tudo que restou do horror que foi o holocauto… não teria estômago para tanto. Só de ver tuas fotos fiquei triste, pensativa… como o homem pode fazer isso? Cometer tamanha barbarie? Como ainda existem pessoas que não acreditam que o holocauto não ocorreu, que tudo não passa de invenção dos judeus? Sim, essas pessoas existem e já tive o desprivilégio de ouvir tamanha besteira!!!!!
Não há sombras de dúvidas de que é muito forte e seria ótimo para a maioria de nós poder ter acesso a Auschwitz, fazer uma viagem no tempo, ainda que mediante fotos, relatos… com maior frequência…
Decerto agradeceríamos mais ao invés de reclamar, seríamos mais tolerantes uns com os outros.
Acompanho teu blog faz algum tempo, mas nunca teci nenhum comentário em posts anteriores… Mas esse post foi diferente… mexeu comigo… não pude evitar e cá estou!
Obrigada, de verdade, por compartilhar conosco tudo que viu e ouviu nesta viagem.
Abs.
Ritha
Ritha,
Visitar Auschwitz é “life-changing”. Já faz mais de um mês que visitei o local e até agora reflito sobre tudo que vi, penso nas fotos, no memorial, na câmara de gás… não é algo que se apaga da memória facilmente. De fato, todos deveriam visitar Auschwitz pelo menos uma vez na vida.
Ao escrever você nos remete (ao menos a mim) a uma viagem desejada. Por mais triste que algumas coisas pareçam, História é uma paixão ❤ obrigada
Apesar de triste, foi uma das viagens mais memoráveis.
Obrigada pelo comentário!