Já comentei aqui do DublinBr. Essa semana escrevi um texto sobre comunicação para o site, dando algumas dicas de como se comunicar quando não se fala bem o idioma do país. Quando eu fui para a Terra do Tio Sam os Estados Unidos, eu já falava inglês bem e não passei por esse tipo de situação, mas me lembrei que fui para França sem saber falar francês e contei um pouco como me virei por lá. Confiram o texto:
“Pacote fechado, passagem comprada e Euros na mão (ou no VTM). Você aterrissa na Ilha Esmeralda e finalmente chega a temida hora de se comunicar! Falar com o taxista, comprar uma bebida, ir a uma lanchonete ou pedir informação. Situações do dia a dia que uma hora ou outra teremos que enfrentar… Mas será que é um bicho-de-sete-cabeças mesmo? Vou passar fome com meu inglês?
Eu já fui para a França e, na época, meu francês não saía muito do “pardon-s’il vous plaît-merci beaucoup” e o povo francês, geralmente, não fala inglês. E aí, como faz?
Lembro bem de três situações: comprando sorvete, perguntando onde ficava o correio mais próximo e recebendo dicas de como andar de metrô sem pagar passagem. Sorvete comprado, correio encontrado e dica entendida, mas ignorada. Calma, explico.
Comprar sorrrvetê
Era um daqueles carrinhos de rua. Paramos o sorveteiro e escolhemos o sabor pela foto da embalagem. Na hora de pagar, perguntamos o preço fazendo com os dedos o sinal universal de “quanto é?”. O problema foi entender os números em francês. Ele falava devagar, mas pra mim fazia tanto efeito como se estivesse falando em alemão ou grego. Percebendo que eu não entendia, o moço começou a falar o número e pegar a moeda correspondente da minha mão. Depois foi só fazer a conta e entregar as moedinhas. Mission accomplished.
Le correiô, s’il vous plaît
Eu tenho o hábito de mandar cartão postal quando viajo. Comprei alguns em um museu e queria colocar no correio no mesmo dia. Perguntei para o guarda do local se ele falava inglês e ele disse “a bit”. Mas o “a bit” se mostrou um “nothing” porque ele não entendeu minha pergunta. Resolvi mostrar o cartão para ele e comecei a fazer gesto de “avião voando” ao mesmo tempo em que falava “Bréééésil”. Pouco sucesso: ele entendeu que eu queria mandar o cartão para o Brasil, mas não que queria o correio. Lembrei-me, então, que no meu guia de Paris tinha uma foto dos correios. Abri na página, apontei o dedo e ele teve aquele momento “ahhh… saquei!” e dizendo seus rights and lefts, me indicou o caminho.
Mademoiselles, les catrrrraquês
Minha amiga perdeu o ticket de metrô e estávamos inclinadas procurando no chão perto das catracas (imaginem a cena). Dois jovens franceses nos viram e explicaram que poderíamos pular as catracas sem pagar e que todo mundo fazia isso. E como eu entendi se eles falavam francês? Body language, minha gente! Seu corpo fala! Tudo que eles falavam, eles faziam gestos para ilustrar. Nós não apenas entendemos tudo, como recusamos o conselho fazendo gestos que foram muito bem entendidos.
Com um pouco de jogo de cintura e calma, ninguém vai ficar isolado do mundo porque o inglês não está afiado. Não deixei de tomar meu sorvete porque não sabia contar em francês e tenho certeza que você sabe todos os números em inglês, ahn? Já está na vantagem.
Vai pegar um taxi? Tenha o endereço anotado num papel e mostre para o taxista. Pronto, ele sabe o resto. Num pub ou restaurante, aponte o dedo para a bebida ou prato que quer (no menu ou painel) e não se esqueça do “please”. É pedir informação o que te aflige? Use todas as palavras em inglês que você já aprendeu e capricha no body language! Vale levar uma foto ou figura do lugar que você precisa ir. O importante é se fazer entender!
Tenho certeza que você conseguirá se expressar para fazer tudo que precisa! E não hesite em pedir para seu interlocutor falar mais devagar (Can you speak slowly, please?) ou repetir o que você não entendeu (Can you repeat, please?). Dificilmente alguém se recusará. “
Não posso acreditar que você pulou a linha de bloqueio do metrô francês! É por essas e outras que o mundo não gosta da gente. (risos).